A jovem grávida de nove meses achada morta na manhã deste domingo, 17, em uma área de mata fechada, na localidade Barra do Vento, no município de Serrinha, foi assassinado pelo atual companheiro, segundo informou a Polícia Civil no fim da tarde.
Conforme o Titular da Delegacia Territorial, Hidelbrando Alves, a vítima Daiane Reis Mota, de 25 anos, era casada com o autor do crime, Adilson Prado Lima Junior, também de 25. A vítima estava grávida de 9 meses e realizaria uma cesárea nesta segunda-feira, 18. A jovem trabalhava em uma farmácia da cidade e já tinha um filho de 2 anos, fruto de outro relacionamento.
A polícia detalha que a descoberta recente de diálogos da jovem com outro homem no WhatsApp motivou o crime. No entanto, o conteúdo das conversas não foi relevado.
Ao Portal Cleriston Silva – PCS, o delegado Hidelbrando Alves relatou que o suspeito confessou o crime, após várias contradições durante o depoimento. De acordo com a polícia, ele usou o carro do próprio sogro, um Honda Civic, de cor prata, para conduzir a vítima para o local do crime.
Ainda de acordo com o delegado, momentos antes do crime, o acusado almoçou com a vítima e depois a convidou para ver um terreno que ele pretendia comprar na região onde ocorreu o assassinato. "Essa conversa do terreno foi uma forma que ele encontrou para atrair a vítima para o local", analisou o delegado. Por volta das 14h de sábado, 16, câmeras de segurança de um estabelecimento comercial localizado no bairro Vila de Fátima flagraram a passagem do veículo Honda Civic em direção a estrada que dá acesso à localidade Barra do Vento. Para a polícia, o crime ocorreu trinta minutos depois.
O acusado conta que, ao chegar no local, ele e a jovem desceram do veículo e seguiram a pé por uma trilha. No meio do caminho, com pensamento oscilando entre executar o crime e desistir, ele sacou um revólver calibre 38 e efetuou um único disparo contra a nuca da vítima, que caminhava à sua frente. Após o disparo, o acusado retornou para o veículo e, alegando desequilíbrio emocional, disse que chegou a pensar em cometer suicídio. “Ele disse que ainda apontou a arma para a própria cabeça, mas desistiu”, relatou o delegado, informando que a arma teria sido dispensada pelo acusado no local do crime.
O corpo de Daiane Reis foi encontrado em um local de difícil acesso, na Barra do Vento |
No fim da tarde, ao ser anunciado o desaparecimento da jovem, o acusado ainda ajudou nas buscas e foi à delegacia às 10h de domingo registrar um Boletim de Ocorrência. No boletim, ele diz que a esposa havia saído para comprar itens do enxoval do bebê e não retornou mais. O crime foi premeditado e friamente executado em pouco mais de meia hora, disse Hidelbrando ao PCS. O corpo da jovem foi achado por ciclistas que faziam trilhas e chamaram a polícia.
Adilson Prado foi autuado em flagrante por feminicídio, termo que caracteriza violência contra a mulher, tentados ou executados. A arma utilizada não foi encontrada.
O corpo de Daiane Reis está sendo velado no Centro de Velório Eufrásio Fernandes, na Rua Pedro Tiago, e será enterrado às 8h desta segunda-feira, 18, no Cemitério Jardim das Acácias, no bairro Cidade Nova.
Violência contra a mulher - Somente no primeiro semestre de 2017, a Bahia registrou mais de 23 mil casos de violência contra mulheres. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).
Do número total de ocorrências, foram registrados 23 casos de feminicídio, quando a vítima é morta apenas pelo fato de ser mulher, e 150 casos de homicídios dolosos, quando há intenção de matar. No mesmo período, também foram contabilizados 174 tentativas de homicídios, 242 estupros, 7.582 lesões corporais e 15.270 ameaças.
O estado da Bahia tem 417 municípios e, de acordo com a SSP, apenas 15 delegacias especializadas de Atendimento à Mulher (Deam). Uma das unidades está no município de Paulo Afonso, que contabiliza, somente este ano, 500 casos de violência contra a mulher. A cidade registrou, no ano passado, cerca de 1.400 ocorrências do tipo.
Em casos de violência contra a mulher, não é preciso que a vítima denuncie o agressor. Qualquer situação do tipo deve ser denunciada nas delegacias da mulher ou em delegacias comuns, caso a cidade não tenha Deam. Outra forma de denunciar esse tipo de violência é por meio de ligação para o telefone 180.
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