Detentas contam como é passar o Dia das Mães longe dos filhos e da família

O Dia das Mães é uma data que é marcada pelas comemorações, encontros familiares e um momento de aconchego e conforto entre filhos e mães. Muitas pessoas aproveitam para celebrar com almoços, presentes, abraços e demonstrar todo o carinho que têm pelas mães. Uma realidade muito diferente do senso comum, é a vida de mulheres que estão privadas de liberdade e cumprido pena em unidades prisionais. A mulher presa já passa por muitas dificuldades nesse universo, entre elas o abandono familiar e convive ainda com a dura separação dos filhos. Muitos deles ainda pequenos e que nascem no próprio presídio.

Duas detentas do Conjunto Penal de Feira de Santana e elas confirmaram como é triste essa situação de viver afastadas dos filhos. A contagem do tempo da pena é misturada com saudades, lembranças e o coração apertado.

Uma presa que se indentificou como Vanessa e que já cumpriu quatro anos da sua pena de nove anos, relatou que esse é o seu quarto Dia das Mães em privação de liberdade e o primeiro que vai passar longe de sua filha que nasceu na unidade.

“Ela nasceu aqui e foi embora em fevereiro. É uma situação de desespero, mas tive que aceitar. Eu pensava que ela ia esquecer de mim. Mas, toda quinta-feira, no dia de visita ela vem com o pai me visitar. Eu acredito que está perto do dia para eu sair daqui. Mas, esse perto nunca chega, eu estou contando as horas para esse dia chegar”, afirmou.

Vanessa comentou ainda que observa o quanto é importante as mães aproveitarem cada minuto perto de seus filhos. “Temos que aproveitar cada dia. Porque de repente tudo pode mudar a aí o tempo passa”, afirmou.

Rafaela, dos Santos Souza de 26 anos foi condenada a sete anos e 11 meses de prisão pelo crime de roubo a banco. Natural da cidade de Ipupiara ela já cumpriu um ano e seis meses da pena e tem três filhos. A caçula também nasceu no presídio de Feira de Santana e todos estão sendo cuidados pela avó, mãe de Rafaela.

A detenta comenta o quanto sofre com a distância e como foi triste o dia em que a filha foi embora.

“Peço força a Deus todos os dias para aguentar a distância. Tenho duas meninas e um menino e uma delas nasceu aqui, a Ágata. Ela tem um ano e três meses e há seis meses que eu não a vejo. Desde o dia que ela atravessou aquele portão sem mim que eu não toco nela”, contou emocionada.

Rafaela tem muitas saudades dos filhos e da família. A cidade de Ipupiara fica a aproximadamente 600 km de distância de Feira de Santana e a família por falta de condições financeiras não pode vir visitá-la. A mãe da presa que cuida das crianças tem ainda um filho que tem deficiência e que inspira cuidados. São esses fatores a impossibilitam de sair da cidade.

“Tenho saudade dos meus filhos e da minha mãe. Ela veio buscar minha filha e cuida de Ágata e dos outros dois. Eu quero pedir perdão a ela, dizer que eu a amo e agradeço o cuidado que ela tem com meus filhos. Quero agradecer por sempre ela está do meu lado”, acrescentou.

Contando os dias para ficar em liberdade, Rafaela salienta que passa o tempo dividida entre a saudade, o trabalho e os estudos na unidade prisional. Ela também realiza tarefas rotineiras como lavar roupas e limpar a cela. Cada minuto que passa é uma angústia a menos e a certeza de que quando sair ela só quer pegar o caminho de casa e ter o abraço de suas crias.

“Aqui dentro a gente para e pensa. Lá fora a gente não pensa e é bom. Eu tenho arrependimento e deixo o recado para que as pessoas pensem bem antes de entrar em qualquer coisa. Lá fora, alguns momentos podem ser bons, mas aqui dentro dói muito”, finalizou.
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