Em entrevista exclusiva ao Câmera Record, o ex-traficante Fernandinho Beira-Mar declarou que a relação entre o tráfico e a política é estreita e, muitas vezes, os políticos se utilizam das comunidades, estabelecendo uma relação de amizade com chefes de facção, para angariar votos em troca de melhorias nas favelas – o que muitas vezes não chega a acontecer. Sérgio Cabral foi um deles que, segundo o próprio Beira-mar, traiu a confiança da comunidade e mostrou ser um “canalha”.
Para Beira-mar é fácil falar do assunto, já que ele teve contato pessoal com diversos políticos por mais de 30 anos. Ele alega que não necessariamente é preciso fazer parceria com o crime para ascender na carreira política, mas que é preciso “ter jogo de cintura” e se mostrar aberto ao diálogo. Porém, quando se percebe que a promessa de melhorias na comunidade é apenas uma maquiagem de manipulação de votos, não tem mais conversa. “Se o cara falou e não cumpriu, acabou. Se não tem palavra, não tem conversa”.
Beira-mar deixou claro que tem aversão ao ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que se elegeu posando de “paladino da justiça”, enganando os eleitores cariocas, porém sem enganar os traficantes da cidade, que já sabiam que ele era “um pilantra”.
Cabral foi condenado em cinco processos da Lava Jato, sendo que suas penas por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e organização criminosa, ultrapassam 100 anos de prisão.
Beira-mar garante que não teve contato com o ex-governador, mas que vários amigos dele, sim. Um deles é Marcinho VP, preso há mais de 20 anos, acusado de ser um dos líderes do Comando Vermelho, principal facção criminosa do Rio de Janeiro.
Em entrevista, VP afirma que conheceu Cabral em 1996, quando ajudou o então deputado estadual a conquistar cerca de 50 mil votos da comunidade, sem cobrar um real do político. O ex-traficante afirma que a situação aconteceu em um “showmício” do grupo Molejo, no Complexo do Alemão, quando Cabral subiu ao palanque, bebeu, abraçou e elogiou VP – que estava munido de um fuzil e duas pistolas na ocasião. Ele define Cabral como: “além de ladrão, traidor”.
“Ele foi o maior judas que conheci na minha vida”, declarou VP. “Daqueles que cospe no prato em que comeu. Virou as costas para aqueles que o ajudaram um dia”, finalizou, ressaltando que a parceria com o político foi feita em troca de melhorias para a comunidade, que nunca chegaram a se concretizar.
O advogado de Cabral, por sua vez, nega as declarações de VP e alega que seu cliente jamais o conheceu.
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