A mulher que iria encontrar o médico Andrade Lopes Santana, achado morto após ficar dias desaparecido, disse estar sofrendo ameaças, por causa de boatos nas redes sociais que apontam que ela seria namorada do suspeito do crime.
Ela contou que iria encontrar o médico no dia 24 de maio, em Feira de Santana, mas que ele acabou adiando o compromisso, para encontrar o colega Geraldo Freitas Júnior, principal suspeito do crime.
De acordo com a mulher, que não quis se identificar, ela e Andrade Lopes tiveram um relacionamento quando ela morava em Araci. No entanto, a relação foi rompida e o médico tentava uma reaproximação.
“Eu e Andrade a gente já teve um relacionamento, quando eu morava em Araci. Mas terminamos quando eu vim para Feira estudar e trabalhar. Agora, ele tentou uma reaproximação da gente. E nesse dia [do desaparecimento], ele falou comigo, me chamou para almoçar. Perguntei onde, que horas. Cinco minutos após, ele falou comigo desmarcando e marcando um jantar, à noite. Ele disse que iria para o rio se encontrar com Juninho [Geraldo Freitas Júnior,]”, disse a mulher”.
Foto: Reprodução/ TV Subaé
Antes de ser apontado como suspeito do crime, foi Geraldo quem recebeu os familiares de Andrade, que saíram do Acre para acompanhar as buscas pelo corpo.
O corpo do médico foi encontrado quatro dias depois de desaparecido, boiando no Rio Jacuípe, em São Gonçalo dos Campos, cidade vizinha a Feira de Santana.
A mulher disse que tem escutado áudios com ataques em grupos de aplicativo de mensagem na internet. Ela disse que viu o suspeito do crime somente uma vez e que não é verdade que eles mantinham um relacionamento.
“O que mais está me alarmando é dizendo que eu era namorada do acusado de matar, o Juninho. Sendo que eu não o conhecia, só tinha visto ele uma vez, no aniversário de Andrade. Nunca tive contato com ele. Nada disso é verdade”, desabafou.
Ela classificou o caso como absurdo e disse esperar somente justiça pela morte do médico e pelas informações publicadas na internet.
“Outras histórias muito graves mesmo. Áudios me difamando, coisas absurdas sobre a minha pessoa, xingamentos, muitas coisas. Mas estão sendo tomadas medidas. Eu espero justiça, nada mais. Tanto eu como a família queremos que a verdade apreça. O real motivo [da morte do médico]. A população toda está aflita querendo saber o porquê”, afirmou.
Investigações
O corpo de Andrade foi encontrado no Rio Jacuípe na manhã de sexta-feira (28). Horas depois, o colega dele, identificado como Geraldo Freitas, foi preso. O homem foi o responsável por registrar o desparecimento do amigo na delegacia de Feira de Santana.
Geraldo estudou medicina com Andrade, em uma faculdade na Bolívia. Concluído o curso, os dois se mudaram para o interior da Bahia, para trabalhar.
De acordo com o delegado Roberto Leal, que é coordenador de polícia na região de Feira de Santana, cidade a cerca de 100 km de Araci, o suspeito chegou a receber os familiares da vítima, que moram no Acre, quando eles chegaram na Bahia. Ele informou ainda que a polícia investiga se há participação de outras pessoas, além da motivação do crime.
Segundo os peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT), foi constatado um disparo de arma de fogo na nuca e uma corda no braço amarrada a uma âncora para o corpo não emergir nas águas do rio Jacuípe.
O delegado informou que a polícia começou a suspeitar de Geraldo Freitas após contradições apresentadas no depoimento. Depois, foi identificado que ele foi quem comprou a âncora encontrada com o corpo da vítima.
Ainda segundo a polícia, o suspeito e a vítima tinham combinado de andar de moto aquática. A versão apontada pelo colega de Andrade na delegacia era a de que o amigo tinha comentado que sairia para comprar a moto, o que foi descartado.
Uma moto aquática foi encontrada no condomínio onde o suspeito foi preso, no início da tarde de sexta-feira, em Feira de Santana.
Desaparecimento
Andrade havia desaparecido na segunda-feira (24), depois de sair de Araci, a 220 km de Salvador, com destino a Feira de Santana. Natural do Acre, o médico se mudou para a Bahia em 2016, para exercer a medicina. Ele trabalhava como psiquiatra em uma unidade de saúde de Araci e em mais outras três cidades baianas.
Ele saiu de casa sozinho, pouco depois de meio-dia de segunda, para comprar uma moto aquática e encontrar com um amigo, no Rio Jacuípe, em Feira de Santana. O amigo disse que ele chegou a enviar uma mensagem que dizia que tinha entrado na cidade. Desde então, não foi mais visto e nem deu notícias.
O veículo dirigido pelo médico foi achado por policiais rodoviários na região de Conceição do Jacuípe, na BR-101, no mesmo dia em que ele desapareceu. O carro estava ao lado de um barranco, trancado e sem marcas de acidente.
As informações foram dadas por amigos, que procuraram a polícia, pois o médico não tinha parentes na Bahia. O caso foi registrado na 2ª Delegacia de Feira de Santana, pelo amigo de Andrade, que foi preso.
Na madrugada de quinta-feira (27), a mãe dele, Domitília Lopes, e mais seis pessoas da família, chegaram em Feira de Santana, para acompanhar as investigações sobre o desaparecimento do médico.
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