Composto por Georgina Erismann em 1928, o Hino de Feira de Santana teve uma longa trajetória até ser consolidado. o historiador Aldo José Morais Silva, relatou que esse não foi o primeiro hino formulado para a cidade.
O primeiro hino da cidade foi proposto pelo maestro Tranquilino Bastos, da Filarmônica Vitória, no ano de 1899.
“Esse primeiro hino se perdeu, temos registro no ‘Folha do Norte’ e na ‘Coluna da vida feirense’ que o maestro teria oferecido esse hino para ser executado na inauguração do quadro do coronel José Frei de Lima (que havia sido intendente do antigo prefeito da cidade entre 1892 e 1899). Chegou-se a executar esse hino, pelos registros, mas ele não ‘pegou’”, diz o historiador.
Acredita-se que o hino não se consolidou devido a disputas políticas por das filarmônicas, que antes eram a ‘25 de Março’ e ‘Vitória’. Cada uma apoiava posicionamentos políticos opostos, e por causa disso a cidade permaneceu sem um hino oficial por um tempo.
“Se o hino proposto por uma filarmônica vingasse, isso significaria, digamos assim, reconhecer certa proeminência daquele grupo político”, explica Aldo Morais, que também é diretor do Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA).
A curiosidade interessante é que a obra proposta por Georgina Erismann não foi criada com a intenção de ser um hino municipal. O objetivo inicial era ser apresentado na Escola Normal de Feira de Santana, onde Erismann era professora de música e atuava na formação de outras professoras normalistas.
“Ela tinha esse hino como um dos muitos hinos que ela compôs para a formação das professoras normalistas. Esse hino era executado apenas no âmbito das escolas, e passou muito tempo sem ser reconhecido como um hino oficial”.
Na morte de Georgina Erismann, em 1940, seus feitos em vida foram celebrados, porém em momento algum é citada com a autora do hino da Princesa do Sertão. O que só ocorreu na década de 60.
Para explanar mais sobre o assunto, o historiador publicou o artigo “Imagens em versos e acordes: a representação da cidade de Feira de Santana através do seu hino”, onde conta detalhes da história e cada estrofe da obra é analisada e interpretada.
“Quando Georgina compõem o hino em 1928, os sentidos e os significados que ela dá para a letra, eles têm um entendimento que se perdeu ao longo dos anos. A gente canta hoje e reconhece a beleza lírica e poética do hino, mas os significados daquelas estrofes se perderam”.
Além de autora do hino e professora, Georgina Erismann foi pianista, compositora, poetisa e declamadora. Foi responsável por promover saraus lítero-musicais em Feira de Santana na década de 1920, e representando o estado baiano, em 1936, na Feira Artística, Industrial e Comercial da cidade de Campinas, São Paulo, em homenagem ao centenário de nascimento do maestro Carlos Gomes, por indicação do governador da época, Juraci Magalhães.
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