No programa Panorama Geral do último sábado (22), da rádio Subaé, a psicóloga Carla Danielle falou sobre a Síndrome de Burnout, que de acordo com dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome
Segundo a psicóloga, síndrome é caracterizada pelo esgotamento físico e mental causado pelo trabalho excessivo.
“Geralmente, as pessoas que mais são dedicadas ao seu trabalho, né? Pessoas que gostam de fazer algo bem perfeccionista, ela tende a ter um estresse maior, porque elas não aceitam errar. Então, elas acabam não reconhecendo o seu limite, ultrapassando todos os limites para entregar algo bem feito. Então, o excesso de trabalho no ambiente estressivo, onde há muita competitividade, responsabilidades altas ou não é reconhecida pelo seu trabalho, faz com que ela tenha síndrome de burnout”, afirmou Carla.
A competição entre colegas de trabalho para atingir metas também pode afetar a saúde e levar ao esgotamento, segundo a psicóloga. Outros fatores podem desencadear a síndrome, levando a pessoa a níveis de exaustão físico e mental.
“Tem até uma jornalista que é a Isabela Camargo, que ela teve uma exaustão dentro do meio de trabalho. Ela era jornalista da Globo, na época e no meio da entrevista, ela apagou, desmaiou. E ela veio falando que a síndrome de burnout é a ausência de si mesma. Então, muitas vezes, esquecemos que temos uma vida e utilizamos o trabalho como se ele fosse a nossa vida, ou seja, a gente não consegue gerenciar o nosso estresse. A gente vive só para o trabalho, não existe mais um lazer, eu tô em casa pensando no trabalho”, ressaltou ela com exemplos.
A psicóloga também falou sobre os sintomas apresentados pelos trabalhadores com Burnout, conforme ela, cada pessoa pode apresentar sintomas específicos.
“Os sintomas, geralmente, ele tá associado a enxaqueca, diarreia e distúrbio intestinal. Problemas também relacionados à circulação, apagão. Às vezes, você tá escrevendo um e-mail, por exemplo, do nada, você não sabe mais o que tá escrevendo. Tontura, ânsia de vômito. Então, são coisas bem associadas também aos sintomas de ansiedade, entre outras. Cada pessoa, na verdade, ela vai ter os sintomas de forma diferente. Algumas vão ter isso tudo, outras, geralmente, o corpo, ele começa a sinalizar antes, só que a gente tende a negligenciar todos os sintomas que o nosso corpo dá”, pontuou Carla.
A busca pelo tratamento, segundo Carla, acontece muitas vezes de forma tardia, quando a pessoa já não suporta mais os sintomas.
“E esse tratamento, geralmente, ele acaba sendo buscado no último ponto. Nós temos a mania de negligenciar doenças, né? Se eu não tinha dor de cabeça e começo a ter dor de cabeça agora, de imediato, eu acabo buscando o que me automedicar. Não procuro um profissional para entender o que é aquilo ali. Então, as pessoas só buscam ajuda quando realmente já estão no ápice do problema. O tratamento, ele é feito por psicoterapia, com psicólogo. E esse diagnóstico é dado por psicólogos ou psiquiatra, porque a gente começa a fazer uma avaliação para realmente identificar se pode ser uma síndrome de Burnout ou não. Leva um período pra gente poder identificar, geralmente, como o sintoma é bem parecido com ansiedade, ele também pode estar subdiagnosticado, geralmente, a síndrome de Burnout, ela também está ligada a uma depressão, que está associado ao trabalho. Então, a psicoterapia, a gente precisa de pelo menos três meses para realmente identificar se é a síndrome ou não”, disse.
Trabalhadores que lidam com outras pessoas estão mais suscetíveis a serem acometidas pela síndrome, segundo a psicóloga.
“Geralmente, as pessoas que estão mais em contato com pessoas. Então, policiais, militares, agentes penais, professores, farmacêuticos, psicólogos, porque são profissões também que exigem muito desse profissional. Há uma cobrança excessiva, médicos, enfermeiros, e pelo contato também com aquela pressão de vida e morte, né? Então, isso faz com que essas pessoas se sintam desse jeito. E indo para o lado contrário também, tem ali algumas profissões, que o pessoal trabalha muito com uma questão manual repetitiva, que exige um cansaço físico também muito grande, que a falta de contato com pessoas também pode levar a esse esgotamento físico e mental, que seria chamado aí de síndrome de burnout”, destacou.
Casos severos da doença podem precisar além da terapia, tratamentos com medicamentos prescritos por um psiquiatra para tratar os sintomas.
“Em casos mais severos, sim, a gente vai precisar trabalhar com a questão medicamentosa, que é o psiquiatra que trabalha com isso, que é quando as pessoas deixam de cuidar no início e acabam indo lá para o final, que realmente já desenvolveu a TAG, que seria o transtorno de ansiedade generalizada ou até mesmo a depressão”, finalizou.
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