Ela entrou em contato com o Ministério Público solicitando investigação
quanto à transparência e imparcialidade do certame, regulamentado pelo Edital
256/2024 e conduzido pelo Instituto Bahia.
Ao portal Acorda Cidade, Alexandra mencionou que “a lista dos candidatos
que são comissionados no município e obtiveram as maiores pontuações” contém
indícios de favorecimento, com notas expressivas para candidatos com vínculo
com a prefeitura.
Segundo ela, “alguns cargos a pontuação máxima era de 80 pontos (os
comissionados obtiveram entre 74 a 78 pontos), e para outros cargos com a
pontuação de 100 pontos (os comissionados obtiveram de 86 a 90 pontos)”,
enquanto candidatos de nível médio e fundamental alcançaram de 50 a 64 pontos,
e candidatos sem vínculo com a prefeitura, para cargos de nível superior,
tiveram pontuações próximas de 70.
Alexandra Santos |
Foto: Arquivo Pessoal
“Estou representando muitos candidatos que se sentiram prejudicados
devido a fortes indícios de fraudes”, declarou Alexandra.
Ela relata que “através de levantamento de informações públicas em sites
oficiais, tanto da prefeitura quanto do Tribunal de Contas do município,
pôde-se perceber que, dentre as maiores pontuações, essas pessoas que obtiveram
tais notas são pessoas diretamente ligadas à prefeitura, ou seja, possui cargos
comissionados e outros que já exerceram recentemente também cargos comissionados,
o que levanta uma suspeita de algum tipo de beneficiamento por tal ocupação”.
Entre as alegações apresentadas estão a falta de justificativa para os
recursos indeferidos e notas “notoriamente elevadas e discrepantes” entre os
aprovados. Além disso, a candidata afirmou que o processo foi prejudicado pela
falta de imparcialidade da banca examinadora, que ignorou recursos devidamente
baseados no edital e não disponibilizou o conteúdo programático das provas,
comprometendo a imparcialidade do processo.
“A banca interferiu os recursos que os candidatos apresentaram
devidamente baseados no edital e o que se esperava era correção das questões,
muitas vezes questões que não foram bem elaboradas. Que não tinham um
fundamento na legislação do nosso país e a banca simplesmente ignorou e
permaneceu no erro, o que faz questionar a imparcialidade do processo, visto
que afeta diretamente a possibilidade de revisão das notas dos candidatos, o
não cumprimento do conteúdo programático do edital, já que foi disponibilizado o
que seria cobrado nas provas e o que aconteceu foi justamente o contrário em
muitos cargos, porque os candidatos se prepararam conforme um determinado
conteúdo programático e ao chegar para realizar as provas, o que se pôde
perceber foram assuntos que não estavam ali dentro do edital e que foram
cobrados, então isso também compromete o processo da imparcialidade”, destacou.
Ela também apontou uma suposta prática de alteração de nomes, que
favoreceria candidatos que prestaram prova na mesma sala, inserindo vogais
duplicadas, como no caso de uma candidata identificada como “AA Juliana”.
“Outro item que foi detectado é que alguns candidatos, principalmente os
que residem em Petrolina, tiveram nomes que acrescentaram, não sei se
propositalmente, mas que veio a favorecer de alguma forma, vogais no seu nome
inicial, ou seja, tem um exemplo real, claro e documentado de uma candidata por
nome Juliana, e a grafia do nome dela está ‘AA Juliana’, e todos esses
candidatos que têm uma grafia com essas duas vogais iniciais duplicada fizeram
a prova na mesma sala e todos eles obtiveram uma pontuação extremamente elevada
fora da curva dos demais candidatos. Então estamos falando aqui de candidatos
que obtiveram um aproveitamento de prova de 97,5%, ou seja, erraram apenas uma ou
duas questões e ressaltamos que esses candidatos também, além dessa pontuação
extremamente elevada e fora da curva, podemos perceber que eles gabaritaram as
matérias de português, informática e raciocínio lógico, não houve nenhum erro
nessas matérias. Uma enorme coincidência, por assim dizer, no mínimo”.
Alexandra Santos solicitou que o Ministério Público realizasse uma
análise minuciosa e, se necessário, abra um inquérito para investigar as
possíveis irregularidades do concurso. A intervenção, segundo a candidata, visa
“garantir a idoneidade do certame, assegurando o direito dos candidatos à
igualdade e à justiça em sua avaliação”.
O que diz o
Instituto Bahia
Nota de Esclarecimento
O Instituto Bahia vem a público esclarecer a situação referente à
realização da prova em que candidatos e candidatas com nomes iniciados por
vogais duplicadas, conforme Alexandra Santos, como ‘AA Juliana’, foram alocados
na mesma sala.
Esclarecemos que essa medida foi adotada de forma propositada pela
comissão organizadora, com o objetivo de garantir um acompanhamento mais
próximo e rigoroso da realização da prova. A presença da Guarda Civil Municipal
e da P2 da Polícia Militar, com uso de detector de metal e vigilância total,
foi parte das ações para assegurar a integridade e a lisura do processo.
Reiteramos nosso compromisso com a transparência e a igualdade nas
avaliações, garantindo que todos os candidatos tenham um ambiente seguro e
justo para a realização das provas.
Agradecemos pela compreensão.
Atenciosamente,
Coordenação do Concurso.
Em resposta ao Acorda Cidade, a diretora-presidente do Instituto Bahia,
Flávia Santos também encaminhou a seguinte nota:
O Instituto Bahia nega de forma veemente qualquer suspeita de
irregularidade na realização do concurso público promovido pela Prefeitura de
Conceição do Jacuípe. As etapas do processo foram conduzidas rigorosamente em
conformidade com o edital e as determinações, garantindo transparência e lisura
em todas as fases do concurso.
Por iniciativa própria, o Instituto Bahia procurou, nesta manhã (5), o
Ministério Público de Conceição do Jacuípe e colocou-se à disposição para
prestar todos os esclarecimentos necessários.
Assim, reafirmamos nosso compromisso com a ética e a transparência em
todos os processos seletivos transitórios, e seguimos firmes na missão de
garantir a segurança em cada concurso realizado.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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