
O aumento no preço dos ovos, que se tornaram uma alternativa às carnes devido ao alto custo, tem gerado preocupação tanto para consumidores quanto para comerciantes em Feira de Santana. De acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o valor do alimento tem subido desde a segunda quinzena de janeiro, impactando diretamente o consumo.
Israel Rodrigues, que trabalha há oito anos no Mercado São Cosme, relatou que a alta tem reduzido a quantidade de ovos vendidos diariamente.
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“A gente vendia aqui o ovo a 19 reais há uns três meses atrás e agora foi para 27 reais. O cliente que antes levava duas placas, agora leva meia, ou até mesmo uma dúzia. Eles sempre questionam o motivo do aumento, mas a gente também não sabe dizer, porque um dia está um preço e no outro já muda”, explicou.
Segundo ele, a venda diária caiu pela metade. “Antes a gente vendia uma caixa de ovos por dia, agora vendemos meia”, lamentou.
Maurício Santos, gerente da padaria Pão de Leite, também confirmou o impacto da alta nos preços. Segundo ele, a placa de ovos passou a custar R$ 26,99, e o reajuste tem ocorrido semanalmente.
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“A cada semana o preço sobe. Desde três semanas atrás, percebemos esse aumento de forma mais intensa. Muitos clientes desistem da compra ao ver o valor, mas como o aumento é geral, acabam levando, mesmo que em menor quantidade”, comentou.
Ele ainda destacou que o preço do ovo caipira também subiu. “Hoje, a placa do caipira está R$ 32,00, enquanto o branco está entre R$ 26,99 e R$ 27,00. Pela diferença pequena, alguns clientes optam pelo caipira”, explicou.
Consumidores enfrentam dificuldades para equilibrar orçamento
A consumidora Nalva Andrade disse que tem sentido o impacto não só no preço dos ovos, mas de outros itens essenciais.
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“O café subiu bastante, o óleo também. Até o cuscuz, que sempre foi mais barato, está caro. Para economizar, a gente tem que alternar os produtos e buscar promoções”, contou.
Ela acredita que o preço dos ovos pode cair após a Semana Santa, mas ressalta que o aumento é uma estratégia comum no comércio. “Os preços variam conforme a época. Daqui a pouco, o peixe sobe, a carne baixa, e assim vai”, comentou.
Já Antônio Pereira desabafou sobre a dificuldade de acompanhar os aumentos com a renda fixa.
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“Ovo agora parece ouro. Carne, verdura, tudo está subindo. Hoje é um preço, amanhã já é outro. E o salário? O aumento que vem mal dá para comprar um quilo de carne. Quem se aposenta com três salários mínimos, depois de anos, está ganhando dois ou até um. A gente apostava que o Lula faria algo melhor, mas os preços continuam altos”, criticou.
Entenda o motivo da alta
Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), os preços de aves e ovos subiram 1,69% em janeiro, acumulando alta de 7,84% nos últimos 12 meses. No atacado, a alta chegou a 40% na última semana, conforme dados da Abras.
A Associação Brasileira de Proteína Animal apontou que o aumento do custo de produção é um dos fatores que encareceram os ovos nos últimos oito meses. O preço do milho, usado na ração das aves, subiu 30%, e o custo de embalagens mais que dobrou.
Além disso, a onda de calor que atinge o Brasil também tem impacto direto na produção. As altas temperaturas afetam a produtividade das aves, reduzindo a oferta e pressionando os preços.
Alternativas para substituir os ovos
Diante da alta nos preços, a nutricionista Mayara Costa sugeriu opções para substituir o ovo e a carne vermelha sem perder nutrientes essenciais.
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“O ovo é uma excelente fonte de proteína, rico em vitaminas do complexo B, ferro e gorduras boas. Mas com o preço alto, podemos recorrer a proteínas vegetais, como feijão, lentilha, grão-de-bico e soja”, explicou.
Outras opções incluem fígado de frango, queijo, iogurte natural e sardinha em lata. “O fígado é barato e rico em ferro e vitaminas. A sardinha, além de fonte de proteína, é rica em ômega 3 e geralmente mais acessível que o ovo”, indicou a nutricionista.
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